A história começa em uma reservada comunidade inglesa na ilha Great Harbor e traz para discussão a influência calvinista e o choque entre culturas. O excesso e apego aos ensinamentos bíblicos, atrelado à repulsa aos prazeres da vida e a crença na predestinação social e religiosa, tornou a vida da jovem Bethia Mayfield um verdadeiro inferno.
Não bastasse o rigor religioso do pai, que recorria à vontade divina para justificar as agruras sofridas pela família, a jovem e talentosa Bethia foi privada da oportunidade de acesso às informações que pudessem balizar as suas escolhas. Aliás, escolhas era o que menos a jovem podia fazer.
A vida lhe reservou uma oportunidade que terminou alterando o curso dos acontecimentos. Em uma das suas caminhadas conheceu Caleb, filho de um líder tribal, habitante da ilha. Daí, Bethia encontra na relação a naturalidade, desprovida de conceitos arcaicos e restritivos. As exigências sociais e religiosas tomam outra roupagem, ao perceber os valores atribuídos à natureza pelos nativos. Caleb desperta interesse, contudo, devido à pouca idade e à imposição cultural Bethia mantem-se confusa por muitos e muitos anos.
Sacrificada pelo pai após a morte de sua mãe, pelo irmão e avô após a morte do seu pai, Bethia torna-se serviçal em uma escola preparatória para possibilitar o ingresso do irmão e de Caleb em Harvard. Começa outra fase da história que dá outro curso à vida de Bethia.
Ao final, a narrativa traz surpresas e dá ênfase aos conflitos psicológico imputados por excesso de rigor religioso e opressão social. Leva à reflexão sobre como seria a história se alguns fatos não tivessem acorridos.
“Será sempre assim, no fim das coisas? Será que alguma mulher é capaz de contar os grãos de sua colheita e dizer: foi o suficiente? Ou será que sempre pensamos no que mais poderíamos ter vivido se o trabalho houvesse sido mais árduo, a ambição mais vasta, as escolhas mais sábias? Continuo a ler e me pego sorrindo para a jovem cheia de vigor, sua coragem, sua insensatez e seus muitos medos.”
O texto impõe à reflexão sobre o acaso:
“Se eu tivesse me afastado daquele menino à beira da lagoa, montado em Pintada e cavalgado de volta para o meu mundo, deixando-o em paz com seus deuses e espíritos, teria sido melhor? Ele ainda estaria vivo, agora como um senhor idoso, patriarca de uma família, líder de sua tribo? Talvez. Não tenho como saber.”
“Será sempre assim, no fim das coisas? Será que alguma mulher é capaz de contar os grãos de sua colheita e dizer: foi o suficiente? Ou será que sempre pensamos no que mais poderíamos ter vivido se o trabalho houvesse sido mais árduo, a ambição mais vasta, as escolhas mais sábias? Continuo a ler e me pego sorrindo para a jovem cheia de vigor, sua coragem, sua insensatez e seus muitos medos.”
O texto impõe à reflexão sobre o acaso:
“Se eu tivesse me afastado daquele menino à beira da lagoa, montado em Pintada e cavalgado de volta para o meu mundo, deixando-o em paz com seus deuses e espíritos, teria sido melhor? Ele ainda estaria vivo, agora como um senhor idoso, patriarca de uma família, líder de sua tribo? Talvez. Não tenho como saber.”
O livro possui uma linguagem direta, acessível e lógica. Mostra um história preconceituosa e intervencionista que desrespeita crenças e culturas a exemplo do que ocorreu em muitas das colonizações.
Informações sobre a autora – Geraldine Brooks é escritora e jornalista. Cresceu nos subúrbios ocidentais de Sydney. Trabalhou como repórter para o jornal Sydney Morning Herald e para o The Wall Street Journal, onde cobriu as crises no Oriente Médio, África e Balcãs. Escreveu Senhor March, Ano de Maravilhas, Ano de Milagres e As Memórias do Livro. Recebeu o Prêmio Pulitzer de ficção em 2006.
Brooks, Geraldine,1955.
A Travessia de Caleb: A luta de um homem para não se perder entre culturas / Geraldine Brooks; tradução Diego Alfaro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
392p.: 23 cm
Tradução de: Caleb’s crossing
ISBN 978-85-209-2957-5
1.Cheeshahteaumuck, Caleb, 1646-1666 – Ficção. 2. Ficção histórica. 3. Ficção australiana. I. Alfaro, Diego. II. Título.
Conheci o blog há alguns meses, e percebi que o dono parou de postar nele; por quê? As resenhas eram ótimas: espero que o blog continue, pois serve de inspiração para que eu faça minhas próprias resenhas literárias
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